quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Temporariamente fora do ar

A você que veio até aqui, meu muito obrigado. E minhas desculpas, pois estou e ficarei ainda algum tempo fora do ar, por questões técnicas. Estou trabalhando em casa, e onde moro, uma área rural, a única conexão possível, via celular, é instável e mais lenta que a internet discada. Não dá pra abrir  vídeo, áudio, imagens mais carregadas, nada disso. Então, por motivo de força maior, este blog permanecerá em coma por tempo indeterminado. Mas uma hora dessas voltaremos, isso é certo ;-)

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Ainda somos os mesmos

Antônio Carlos Gomes Belchior Fontenelle Fernandes, em foto sem crédito

Duas das músicas mais marcantes da minha adolescência foram "Apenas um rapaz latino-americano" e "Como os nossos pais", ambas compostas pelo Belchior. Nascido em Sobral, interior do Ceará, Belchior integrou o chamado "Pessoal do Ceará", grupo de compositores e cantores cearenses que conquistou reconhecimento nacional na década de 1970, e que tinha em Belchior, Fagner e Ednardo seus principais nomes. Abaixo, segue uma gravação de "Como os nossos pais" feita ao vivo por Elis Regina. Esta música fez parte do antológico show e disco "Falso Brilhante", de 1975. Certamente, um dos mais primorosos registros da MPB em todos os tempos, para uma das mais belas músicas brasileiras de todos os tempos, nada menos que isso. Um curiodidade do vídeo é que o apresentador, o ator e locutor Reinaldo Gonzaga, esteve trabalhando comigo nestes meses de Ceará.


Elis canta "Como os nossos pais", de Belchior.

sábado, 11 de setembro de 2010

Evaldo Gouveia

Evaldo Gouveia, um dos compositores cearenses de maior sucesso em todo Brasil

Evaldo Gouveia nasceu em Iguatu, interior do Ceará, cidade cujo nome vem da maior lagoa do estado, localizada ali mesmo. Em Iguatu, Evaldo ainda menino já cantava no sistema de som da praça central, mas logo mudou-se para Fortaleza. Aqui, trabalhava na feira e praticava violão. Mais tarde, foi contratado como violonista de uma rádio local e formou o grupo vocal Trio Nagô, com Mário Alves e Epaminondas de Souza. Com o grupo foi para o Rio de Janeiro participar do programa Cesar de Alencar, da Rádio Nacional. Essa participação rendeu ao Trio Nagô um contrato e um programa semanal no rádio. Assim, o grupo passou a ser conhecido nacionalmente, chegando a se apresentar em Paris, em 1956.


Em um filme de 1957, estrelado por Mazzaropi, o Trio Nagô canta "Saudades da Bahia", de Dorival Caymmi.

Nesse período, Evaldo Gouveia começou a compor e teve músicas gravadas por intérpretes importantes da época. Até que conheceu o jornalista e locutor Jair Amorim, capixaba que já era um letrista reconhecido, que tinha no currículo, por exemplo, o megasucesso "Conceição", imortalizado na voz de Cauby Peixoto, música que Jair compôs com o sambista Dunga. Evaldo Gouveia e Jair Amorim formaram uma parceria que em 10 anos produziu 150 músicas, entre elas alguns dos maiores sucessos das décadas de 1960 e 1970, nas vozes de Ângela Maria, Jair Rodrigues, Cauby Peixoto, Agnaldo Timóteo, Maysa, Julio Iglesias e outros. Chegaram, inclusive, a compor o samba-enredo da Portela para o desfile de 1974,"O Mundo Melhor de Pixinguinha", que se tornou um clássico do gênero. O maior intérprete da dupla foi, sem dúvida, Altemar Dutra.

Evaldo Gouveia e Jair Amorim

Jair Amorim faleceu em 1993, em São José dos Campos, interior de São Paulo. Evaldo Gouveia completou 80 anos de idade neste último agosto. Vive em Fortaleza e vira e mexe encontra os antigos e novos amigos e músicos locais. Em uma entrevista recente, Evaldo revelou ter cerca de 40 composições ainda ineditas, e que Paulo Cesar Pinheiro letrou seis delas. É uma referência para grande parte dos compositores e músicos do Ceará, como Fagner, Fausto Nilo e Mona Gadelha. Suas músicas feitas em parceria com Jair Amorim continuam a ser regravadas por artistas como Ana Carolina, Zizi Possi e Emilio Santiago.


Maysa canta a melancólica marcha-rancho "Bloco da Solidão", de Evaldo Gouveia e Jair Amorim

sábado, 28 de agosto de 2010

Rita Lee hoje

Rita Lee, em foto sem crédito

Daqui a pouco vou assistir a Rita Lee, que vem a Fortaleza para uma única apresentação do show "Etc...". Vai ser bem aqui perto, num espaço chamado Siará Hall. Será a segunda vez que verei a Rita num palco. A primeira faz muito tempo, foi num show ao ar livre no Parque do Ibirapuera, numa comemoração de aniversário da cidade de São Paulo. Ela, Paulinho da Viola e Caetano Veloso, ficaram entretendo a enorme plateia até que João Gilberto - com duas horas de atraso - chegou na condição de atração principal. Um show da Rita é garantia de diversão. E de algumas músicas muito boas
 e bastante conhecidas, já que ao contrário da maioria dos artistas, ela não se importa de cantar seus maiores sucessos, embora continue fazendo músicas novas.


Rita Lee e Milton Nascimento, num grande momento, cantam "Mania de você", de Rita e Roberto de Carvalho.


Um trecho do show de sábado, postado no youtube pelo TV Divirta-Ce. A acústica do Siará Hall é péssima, mas Rita Lee e sua banda, capitaneada por Roberto de Carvalho, mandaram muitíssimo bem




quinta-feira, 19 de agosto de 2010

O Dragão do Mar e o Almirante Negro

O cearense Francisco José do Nacimento, o "Dragão do Mar".

Fortaleza possui um centro cultural muito bonito, com progamação intensa de teatro, shows, dança, exposições e cinema. O nome do espaço é Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, e é alusivo a Francisco José do Nascimento, cearense nascido em Canoa Quebrada, em 1839. Negro e alfabetizado apenas ao 20 anos de idade, Fracisco era filho de pescador e chegou a líder dos jangadeiros de Fortaleza, que desde aquela época atracavam suas jangadas na enseada do Mucuripe, bem onde estou hospedado. Foi nomeado prático da Capitania dos Portos, quando envolveu-se na luta abolicionista. Era o ano de 1881, e Francisco José liderou um movimento praieiro que fechou o Porto de Fortaleza ao tráfico de escravos, sendo por isso exonerado do seu cargo.


O gaúcho João Cândido, o "Almirante Negro", naquela que talvez seja sua última aparição em foto

Quando em 1884 o Ceará aboliu a escravatura - portanto, 5 anos antes da Lei Áurea - Francisco, que ficou conhecido como "Dragão do Mar", foi reconduzido ao cargo e promovido a Major, sendo até hoje considerado o maior herói popular do abolicionismo no Ceará. Nesse mesmo ano de 1884, ele colocou sua jangada dentro de um navio negreiro e foi com ela até o Rio de Janeiro. O herói cearense precedeu outro, também do mar e também negro, o marinheiro gaúcho radicado no Rio de Janeiro João Cândido. João Cândido era conhecido como "Almirante Negro". Liderou a Revolta das Chibatas, movimento ocorrido em novembro de 1910, quando marinheiros - quase todos negros e comandados por brancos - se opuseram aos castigos corporais que ainda eram aplicados na Marinha. Ao contrário de Francisco José, a luta de João Cândido não terminou nada bem para os revoltosos. João Cândido foi discriminado e perseguido pela Marinha até o final de sua vida, que terminou em 1969, ele com câncer, pobre e esquecido, aos 89 anos de idade. Foi anistiado postumamente apenas em 2008.


O mesmo João Cândido, em uma foto mais próxima da época em que liderou a Revolta da Chibata

Cruzando as histórias do "Dragão do Mar" e do "Almirante Negro", acho que finalmente passei a entender a citação que Aldir Blanc faz no belíssimo samba "O mestre-sala dos mares", composto em parceria com João Bosco. O samba começa exatamente com a frase "Há muito tempo nas águas da Guanabara, o Dragão do Mar reapareceu". Tomando isso como verdadeiro, para Aldir, João Cândido seria uma espécie de "reencarnação" do cearense Francisco José, não no sentido físico, mas na bravura e idealismo. Poeticamente, Aldir pode ter unido esses dois heróis em uma mesma música. Encontrei uma entrevista com o Aldir onde ele não menciona em nenhum momento isso que estou supondo. Mas me parece inteiramente possível essa hipótese. Depois disso, gosto ainda mais deste samba.



Elis Regina canta "O mestre-sala dos mares", de João Bosco e Aldir Blanc. A censura militar não permitiu que a letra mencionasse o termo "Almirante Negro", alegando que a Marinha brasileira nunca teve um almirante "de cor". Aldir, então, mudou a letra para "navegante negro", e assim ficou.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Dois cearenses e uma casa

Localizada no que hoje é o centro de Quixeramobim, esta casa, cuja parte da frente era um armazém, foi local de nascimento dos dois personagens mais ilustres desta cidade do sertão cearense. E com uma diferença de mais de 100 anos entre um nascimento e outro.

Adoro mapas. Tendo vários mapas do Ceará colados na parede da sala em que estou trabalhando, é natural que, vez ou outra, eu me pegue percorrendo o estado com os olhos da imaginação. Não saí de Fortaleza, e dificilmente conseguirei fazer isso. Uma pena, pois gostaria de conhecer algumas regiões, especialmente aquela conhecida como Sertão Central, que tem Quixeramobim como uma de suas principais cidades. Pois hoje, fazendo meu tour costumeiro, alguns nomes de cidades começaram a me trazer a lembrança de uma página da história brasileira que sempe me atraiu muito: a Guerra de Canudos. Para você ter uma ideia, no início da década de 1990 percorri sozinho a região do conflito, pesquisando, visitando cidades, arraiais, sítios arqueológicos, conversando com filhos de "conselheiristas" mortos na guerra, lendo relatos originais, fotografando ruínas. Tornei-me um conhecedor do assunto, fui até entrevistado pela revista Superinteressante para falar sobre o assunto. Também cheguei a participar - embora rapidamente - de uma espécie de confraria que havia em São Paulo reunindo estudiosos do escritor Euclides da Cunha. Porém, há muito tempo não retomo esse tema, embora o interesse permaneça sempre vivo em mim.

O corpo de Antonio Conselheiro, fotografado momentos antes de ser decapitado

Corri pesquisar e as lembranças se justificaram. Antonio Conselheiro, líder do Arraial de Canudos, é cearense. Nasceu em Quixeramobim, então um povoado paupérrimo encravado num sertão que não inspirava futuro a ninguém. De lá, ele se deslocou para outros povoados do estado. Chegou a ser professor em Sobral, hoje uma das principais cidades do Ceará, até adentrar o sertão baiano e fundar a vila do Bello Monte, às margens do rio Vaza-barris. Não vou me alongar na história, sob pena de me empolgar e me demorar demais. Mas o que foi ainda mais interessante foi descobrir que na mesma casa onde nasceu Antonio Conselheiro, cujo nome de batismo era Antonio Vicente Mendes Maciel, nasceu também o letrista e arquiteto Fausto Nilo. A casa é hoje o "Memorial Antonio Conselheiro", e é tombada pelo patrimônio histórico do Ceará. Na fachada praticamente original (vide acima), duas placas: uma alusiva ao Conselheiro, outra ao compositor.


Nesta foto sem crédito, o vilarejo chamado de Canudos Velho, com uma estátua de Antonio Conselheiro em destaque. Ao fundo, lá embaixo, o açude de Cocorobó, construído pelos militares em 1969, na tentativa de sepultar o palco de uma das mais tristes páginas da história do nosso país

Fausto Nilo é parceiro de vários artistas de nome, como Fagner, Dominguinhos e Moraes Moreira, e possui músicas gravadas por Elba Ramalho, Luiz Gonzaga, Simone, Gal Costa, Ney Matogrosso e muitos outros. Dias atrás, encontrei num jornal local uma página inteira dedicada a uma entrevista com o Fausto Nilo, onde, para a minha surpresa, não havia uma linha sequer mencionando o letrista, apenas o arquiteto, sinal do quanto ele é respeitado aqui também como tal. Outro fato interessante: Fausto Nilo não só nasceu na mesma casa em que Antonio Conselheiro veio ao mundo, como seu pai usava a casa para um comércio, coisa que o pai do Conselheiro também fazia, lá na primeira metade de 1800. Para alguém que é, como eu, um entusiasta da Guerra de Canudos e da MPB, essa história foi uma descoberta e tanto.



Fausto Nilo canta com extrema delicadeza um dos seus maiores sucessos, composto em parceria com Moraes Moreira, "Meninas do Brasl"

sábado, 31 de julho de 2010

Cajuína

O suco do caju é filtrado. Acrescenta-se gelatina para a retirada da “trava” natural da fruta. Em seguida, o líquido é clarificado. A cor dourada vem da caramelização dos açúcares naturais. Eis a cajuína, bebida típica do Piaui, mas que – é o que se diz – foi criada pelo cearense Rodolfo Teófilo, farmacêutico e escritor que morreu em Fortaleza em 1923.

O texto a seguir, de autoria do Caetano Veloso, extraí do blog do meu amigo Giovanni Soares (http://noticiasdapauliceia.blogspot.com/). Caetano conta como nasceu sua bela "Cajuína". Eu conhecia uma outra versão pra essa gênese, mas o Giovanni é baiano, sabe das coisas e sabe de música. Não bastasse isso, a explicação saiu do próprio autor da canção. Tomo a outra como lenda, então, e pronto. Em tempo: cajuína é uma delícia!

Com  a palavra, Caetano Veloso:

“Numa excursão pelo Brasil com o show Muito, creio, no final dos anos 70, recebi, no hotel, em Teresina, a visita de Dr. Eli, o pai de Torquato [Neto]. Eu já o conhecia pois ele tinha vindo ao Rio umas duas vezes. Mas era a primeira vez que eu o via depois do suicídio de Torquato. Torquato estava, de certa forma, afastado das pessoas todas. Mas eu não o via desde minha chegada de Londres: Dedé e eu morávamos na Bahia e ele, no Rio (com temporadas em Teresina, onde descansava das internações a que se submeteu por instabilidade mental agravada, ao que se diz, pelo álcool). Eu não o vira em Londres: ele estivera na Europa, mas voltara ao Brasil justo antes de minha chegada a Londres. Assim, estávamos de fato bastante afastados, embora sem ressentimentos ou hostilidades. Eu queria muito bem a ele. Discordava da atitude agressiva que ele adotou contra o Cinema Novo na coluna que escrevia, mas nunca cheguei sequer a dizer-lhe isso. No dia em que ele se matou, eu estava recebendo Chico Buarque em Salvador para fazermos aquele show que virou disco famoso. Torquato tinha se aproximado muito de Chico, logo antes do tropicalismo: entre 1966 e 1967. A ponto de estar mais frequentemente com Chico do que comigo. Chico e eu recebemos a notícia quando íamos sair para o Teatro Castro Alves. Ficamos abalados e falamos sobre isso. E sobre Torquato ter estado longe e mal. Mas eu não chorei. Senti uma dureza de ânimo dentro de mim. Me senti um tanto amargo e triste mas pouco sentimental. Quando, anos depois, encontrei Dr. Eli, que sempre foi uma pessoa adorável, parecidíssimo com Torquato, e a quem Torquato amava com grande ternura, essa dureza amarga se desfez. E eu chorei durante horas, sem parar. Dr. Eli me consolava, carinhosamente. Levou-me à sua casa. D. Salomé, a mãe de Torquato, estava hospitalizada. Estão ficamos só ele e eu na casa. Ele não dizia quas e nada. Tirou uma rosa-menina do jardim e me deu. Me mostrou as muitas fotografias de Torquaro distribuídas pelas paredes da casa. Serviu cajuína para nós dois. E bebemos lentamente. Durante todo o tempo eu chorava. Diferentemente do dia da morte de Torquato, eu não estava triste nem amargo. Era um sentimento terno e bom, amoroso, dirigido a Dr. Eli e a Torquato, à vida. Mas era intenso demais e eu chorei. No dia seguinte, já na próxima cidade da excursão, escrevi Cajuína.”


Caetano Veloso em um atual e belíssimo arranjo para "Cajuína".

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Ao alcance da janela

Praia do Futuro, Fortaleza, em foto sem crédito

Vim a Fortaleza a trabalho, e trabalho duro. Pelo tempo que estiver aqui, até final de setembro, será assim, e com isso meu blog ficará um pouco pra escanteio. Pra você ter uma ideia, a essa hora do domingo (comecei esse post às 21h30 do domingo, mas só agora consegui voltar aqui pra terminá-lo), o Brasil decidindo mais um título da Liga Mundial de Volei, e eu aqui na minha mesa de trabalho. A areia da praia do Mucuripe coalhada de gente comendo camarão fritinho no alho e óleo, e eu aqui na minha mesa de trabalho. Mas antes que você possa achar que estou me queixando, saiba que gosto muito desse trabalho, inclusive porque é uma loucura om prazo determinado. E vai ter uma noite ou outra em que vou conseguir dar uma esticada pra algum bar, restaurante, barraca de praia (será que alguma funciona à noite?).

Enquanto isso, resolvi mudar o layout do blog, acrescentar um fundo de areia, alusivo à cidade em que estou, bem no alto do mapa do Brasil, topo do Nordeste brasileiro. O sol aqui é de rachar e comparece dia após dia, religiosamente. Li hoje num jornal que as noites, por essa semana que finda, tiveram temperatura mais amena, os termômetros oscilam entre 23 e 25 graus. Em Curitiba, quando faz isso durante o dia é porque estamos no verão. Coisas do continente chamado Brasil. Que você tenha um ótimo início de semana. E que eu consiga me organizar melhor pra dar mais movimento a esse cantinho aqui, de que tanto gosto.



Ednardo, compositor e cantor nascido em Fortaleza, fez sucesso em todo o país nos anos 1970. Sua música "Pavão Mysterioso" foi tema da ótima novela Saramandaia, de Dias Gomes, que foi ao ar em  l976. Mas postei essa "Terral", música que eu cantava muito ao violão na época, cujo vídeo acima traz uma versão bem mais recente, porque tem sido interessante passar pelo bairro Aldeota e ver a Praia do Futuro da janela de um restaurante onde às vezes tanho almoçado. Os dois lugares são citados na letra da canção, o que fez com que eles me soassem familiar logo de cara, mesmo eu nunca tendo estado aqui antes.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

As velas do Mucuripe

A praia do Mucuripe, em Fortaleza, Ceará, em foto que bati domingo passado bem cedo, da janela do hotel em que estou hospedado.

Fiquei uns dias em trânsito, viajando e me instalando em uma nova cidade, para onde vim a trabalho. Esse processo me impediu de manter postagens regulares, mas ao poucos vou tentar voltar à ativa por aqui. Estou em Fortaleza, a bela capital do Ceará. Ficarei aqui por 3 meses, e quero aproveitar minha estada para falar no blog algo sobre a música nordestina, com um pouco mais de destaque para a produção cearense, na medida do possível. Digo “na medida do possível”, porque não terei o tempo necessário para me embrenhar muito. Vou como der.


Meu apartamento fica no 13º andar do prédio à direita.

Como estou num hotel localizado em frente à praia do Mucuripe, resolvi começar essa jornada musical a partir dela. Claro que quando os cearenses Fagner e Belchior compuseram a música “Mucuripe”, no momento em que a carreira de ambos encontrava-se apenas no começo (com esta música, eles ganharam o Festival de Música Popular do Centro de Estudos Universitários de Brasília, no início dos nos 1970), a praia de Mucuripe certamente era tranquila, pouco povoada, talvez uma pacata vila de pescadores. Nada que sugerisse o que ela se tornaria décadas depois, com essa montoeira de prédios e o asfalto invadindo a areia e roubando parte da paisagem. Ainda assim, o cenário é muito bonito, as velas seguem saindo para pescar e a música “Mucuripe” sempre será, para mim, uma das mais lindas canções brasileiras.

http://www.youtube.com/watch?v=XS7CIwTTGlE&feature=PlayList&p=D8D2B03123A25DEC&playnext_from=PL&playnext=1&index=57
(o código de incorporação deste vídeo não está disponível, basta clicar no link)

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Segundo lugar

Foto sem crédito

Como contei brevemente no post anterior, participei da quarta edição do festival Samba do Compositor Paranaense. As apresentações aconteceram no domingo passado, na Sociedade Treze de Maio. Como em todas as edições, haviam sete sambas selecionados entre os inscritos, sendo que destes um foi escolhido, em votação do júri e da platéia, para integrar o CD do festival, a ser gravado ao final de todas as edições.

O nível dos sambas desta edição estava muito bom. Na minha opinião, essa disputa foi mais difícil que a primeira. Fui o sexto a cantar, e sinceramente achava que meu samba “Primeiro tempo” não se classificaria entre os primeiros. No entanto, fiquei em segundo lugar, o que me deixou feliz, pois novamente não levei ninguém para torcer e votar para a minha música. Aliás, desta vez nem minha mulher, a Ariane, pode ir, porque estava com uma gripe violenta, tossindo muito. Então, provavelmente as notas que me classificaram em segundo vieram somente dos jurados, que teve entre seus componentes uma figura das mais respeitadas entre os sambistas de Curitiba, a Mãe Orminda, primeira mulher do Brasil a defender um samba enredo na avenida. Além de muito carismática, a mulher canta muito, e me deixou muito feliz quando olhou para mim e disse “teu samba é maravilhoso”. Ganhei o dia ali. Agora, o samba “Primeiro tempo” vai para uma espécie de repescagem, com os segundos classificados de todas as etapas, e periga entrar no CD. É esperar para ver. Quando eu tiver um áudio deste samba, posto ele aqui. Por agora, fique com a voz e a presença da Mãe Orminda.


Mãe Orminda canta "Como o samba quer e consente" (Cláudio Ribeiro / Tony do Bandolim)